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Ouço muito dizer que as nossas palavras tem poder. Devemos profetizar coisas boas, porque elas serão atraídas para nossa vida. Da mesma forma, se proferirmos coisas ruins ou maldições, elas poderão acontecer. Ou seja, o poder de determinar algo está na nossa boca, e é por ela que as coisas acontecem, porque ela "atrai" a realidade. As palavras teriam um poder mágico, místico de trazer coisas à existência.
Procurei muito na Bíblia alguma passagem que desse fundamento a essa ideia. O que encontrei foi justamente o contrário. As palavras, por si só, não têm o poder que acham que ela tem, mas apenas um poder natural de gerar consequências. É o que vou demonstrar a seguir.
Somente a Palavra de Deus tem poder
A única palavra que trouxe algo a existência(e do nada) foi a palavra que saiu da boca de Deus. É o que diz em Salmos 33:6: "Pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espírito da sua boca." A palavra que é viva, eficaz e penetrante é a de Deus (Hebreus 4:12), não a nossa. A palavra que repreendeu a tempestade foi a de Cristo(Mateus 8:26). A palavra que curou o servo do centurião de Cafarnaum foi liberada por Jesus (Mateus 8:8-13). E, a palavra que secou a figueira foi de Jesus(Marcos 11:12-14). Veja que, nessas e em outras passagens, a palavra que predomina, determina e faz acontecer é Palavra que vem de Deus, não a do homem.
Muito embora tenhamos fé em Deus e usemos palavras em oração expressando essa fé para obtenção de um favor Seu e isso surta efeito, a realização vem do Senhor e a determinação da Sua boca. A última Palavra é dEle, e as coisas só acontecem se Ele assim permitir que aconteçam. Leia Isaias 55:11; Jó 42:2 e Tiago 4:14-15, que comprovam isso. Então, não tem essa de determinar ou impor algo no mundo espiritual apenas com as nossas próprias palavras.
Palavras geram consequências naturais
Contudo isso, não podemos dizer que as nossas palavras são inúteis. Palavras geram influências e consequências, sejam negativas ou positivas. Elas têm sim seus efeitos, mas efeitos naturais, e não sobrenaturais. Vamos ver o que alguns escritores bíblicos falaram sobre isso.
Por todo o capítulo 3 de Tiago, é falado sobre um grande poder que a língua tem. Ela é comparada ao freio do cavalo, que comanda todo o corpo do animal; é comparada ao leme que direciona um navio; e a uma pequena faísca que pode incendiar uma floresta. Tiago também fala da dificuldade que temos para controlar as palavras, e de toda maldade que elas podem causar.
Salomão. Salomão, em sua sabedoria, escreveu muito a respeito das palavras de nossa boca. Ele disse que "o que guarda sua boca conserva a sua alma..."(Pv 13:3); que "a língua saudável é árvore de vida..." (Pv 15:4); que "... o que modera seus lábios é prudente"(Pv 10:19); que "a resposta branda, desvia a ira"(Pv 15:1); e que a "boca danifica o próximo..."(Pv 11:9); e outros diversos provérbios dentre os milhares que escreveu.
Davi. O salmista Davi pediu que o Senhor livrasse ele de ter uma língua mentirosa(Sl 120:2; 34:13), e que suas palavras fossem agradáveis(Sl 19:14).
Paulo. As cartas de Paulo estão recheadas de conselhos sobre o uso das palavras. Em Efésios 4:29, ele diz que não deve sair da nossa boca nenhum palavra torpe(suja). Em Colossenses ele aconselha a respeito de usar as palavras de forma adequada, assim como se usa a quantidade correta de sal ao temperar uma comida(Cl 4:5-6).
O que todos esses textos têm em comum não é o poder sobrenatural das palavras, mas o uso delas e as suas consequências. As palavras que saem da nossa boca podem tanto ferir o próximo quanto consolá-lo ou alegrá-lo. Podem tanto causar brigas quanto dissipá-la. O bom uso das palavras certas, acabam até com guerra. Uma pessoa que usa palavras mentirosas, criando calúnias e fofocas, pode destruir famílias. Quem mente muito, perde a confiança. E, alguém que dá bons conselhos, pode trazer alegria e prosperidade a outro. Um pai que só xinga o filho pode gerar problemas com ele. Uma marido que não solta palavras de elogios para esposa vai afetar seu casamento.
Veja, todos esses exemplos são consequência naturais do uso das palavras. É sobre isso que a Bíblia ensina, o quão importante é saber usar as palavras, porque elas, se mal utilizadas destroem; se bem usadas edificam. Não é difícil entender isso.
Quem entende diferente, está se opondo às Escrituras. E é justamente isso que faz a chamada doutrina da confissão positiva. Em outro post falarei melhor sobre ela, mas por hora adianto, e como você já deve ter aprendido: ela não é bíblica.
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