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O evangelho do "não julgueis"



Outro dia vi no Instagram uma postagem de uma influenciadora cristã comentando sobre o novo álbum de uma contora secular. A música do lançamento remetia, tanto na letra quando no clip, conteúdo totalmente fora da conduta e princípios cristãos. Continha apologia a diversas ideologias contrárias à Palavra e imagens contendo cenas fortes de nudez, aborto, sangue e referências satânicas. Isso, obviamente, gerou grande repercussão e uma enxurrada de críticas, principalmente dos evangélicos. Diversas posts foram compartilhados em repúdio à artista. Mas o post dessa influenciadora(cristã) me chamou atenção.

Na postagem ela criticava os cristãos que criticaram a tal artista. Segundo ela, apesar de a artista não expressar valores cristãos nas suas músicas, não temos o direito de julgá-la. Segundo ela, "nós fomos chamados para combater o pecado, e não o pecador - grupo do qual fazemos parte". Diz ainda ela "que fomos chamados por Jesus para amar as pessoas"; e "antes de criticá-la devemos orar por ela". E por fim, ela ainda diz que fazemos muito mais pelo Reino de Deus de forma mais "bonita" quando pregamos o Evangelho e falamos de Jesus, não dos outros.

Tendo ouvido isso senti decepção, porém não fique surpreso. É mais um cristão que vai aos poucos mudando o rumo e copiando alguns trechos da agenda progressista, e seguindo o evangelho do "não julgueis". O discurso dela representa muito bem isso. Assim, quero tecer alguns pontos de confronto da sua fala e refutar esse falso evangelho, que ao invés de cobrir o pecador, o encobre nos seus pecados.

Não se separa o pecado do pecador
Não dá para separar um crime do criminoso, assim como não dá pra separar o pecado do pecador. Quando repudiamos um crime cometido, automaticamente nos referimos ao criminoso. E, quem é julgado e condenado pelo crime é o criminoso. O mesmo princípio vale para o pecador e o seu pecado. Pecados são cometidos por pecadores, e é impossível punir o pecado e deixar o pecador sem punição. Pecados devem ser julgados na pessoa do pecador. Na Bíblia, o repúdio pelo pecado é direcionado à pessoa do pecador, e quem recebeu juízo de Deus foi a raça humana pecadora. A punição e a ira de Deus é derramada sobre a pessoa que cometeu pecado. É simples entender.  Pense e responda: Se você é rebatido por alguém sobre algo que acabou de falar, você responde que não foi você que disse, mas a sua boca? Não. É impossível separar você das suas palavras. Quem rebater o que você disse, estará rebatendo você mesmo. 

Dizer que devemos rebater apenas o pecado, não faz o mínimo sentido. Você já viu uma mentira andando por aí? Já viu qual é aparência do pecado do adultério? Quantas vezes você já viu a soberba perambulando na sua rua? Certamente, se você conheceu esses pecados, é porque foram praticados por alguém e gerou suas devidas consequências.

Portanto, quando afrontamos o pecado, inevitavelmente, afrontamos o pecador que o comete, exortando-o e julgando-o conforme a Palavra de Deus. 

Deus odeia o pecado(mas também pode odiar o pecador)
Uma coisa puxa outra. Se é dito que não se deve confrontar o pecador, mas somente o pecado dele, segue-se, inevitavelmente, aquela frase: "Deus odeia o pecado, mas ama o pecador". Mas, infelizmente, essa é uma heresia que se tornou popular no meio cristão. A verdade, é que Deus odeia tanto o pecado como pode odiar o pecador. Pois, com eu já disse, não dá para separar ambos. É forte, mas é verdade, e o salmista Davi não parece preocupado com isso.

Tu não és um Deus que tenha prazer na injustiça; contigo o mal não pode habitar.

Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o malSalmos 5:4,5

O que é demonstrado aí, é que Deus não ameniza seu ódio contra o mal. O pecado, o mal, a iniquidade, injustiça, como queira chamar, é o oposto do caráter santo de Deus, que não O permite suportá-los. E os que praticam tais coisas, também são objetos da ira de Deus. Não são poucos os casos bíblicos em que Deus destruiu pessoas e povos por seus pecados terem enchido o cálice da Sua ira. 

A minha ênfase aqui não é contrastar a ira e ódio de Deus com o Seu amor. O amor e a graça de Deus são o âmago do Evangelho, e João 3:16 sempre será o resumo da obra redentora de Cristo, e Deus é amor.

O problema aqui, é que o "politicamente correto" da atualidade, vem deixando muitos crentes omissos com a verdade. Para estes, mais vale o belo discurso que agrade aos ouvintes e seguidores. O deus apresentado pelos progressistas evangélicos é parcial, passivo, que só ama e nada mais importa. É como um pai que "passa a mão na cabeça do filho".

O Evangelho que Jesus pregou

Segundo a influenciadora, fazemos mais pelo Reino quando pregamos falando somente de Cristo, não dos outros. Eu concordo. Vamos ficar somente com Jesus e a sua mensagem. E qual era sua mensagem?

A mensagem dele era de arrependimento, de confronto com os pecadores. Ele oferecia seu perdão e amor às pessoas, ao passo que também as confrontava e as censurava pelos seus pecados. A primeira pregação de Jesus, logo no início do seu ministério foi:

"Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo". Mateus 4:17

Se assim é, não vamos esquecer do seu sermão em Mateus 7. Ali, o julgamento recai sobre as pessoas, e não sobre o pecado "à parte" praticado por elas. Além disso, o julgamento proibido é o temerário, sem responsabilidade. O julgamento justo é permitido estimulado.

Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos". João 7:24

Então, à luz de tudo que foi dito, a artista famosa, e quaisquer outra pessoa, deve ser sim refutada, abominada, criticada e julgada. Nós cristãos temos um parâmetro pra isso: as Escrituras. E isso não configura falta de amor de nossa parte, tampouco que devemos odiá-la ou não orar por ela. Ela é uma alma que precisa ser alcançada pelo Evangelho, e para ser transformada por ele, deve haver arrependimento; e para haver arrependimento deve ser-lhe mostrado o seu pecado, e isso cabe a nós, é papel nosso.

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